"A Cruz de Jesus nos ensina que na vida existe o fracasso e a vitória, e que não devemos temer os momentos maus, que podem ser iluminados justamente pela cruz, sinal da vitória de Deus sobre o mal. Um mal, satanás, que está destruído e acorrentado, mas “ainda late” e se você se aproximar dele para acariciá-lo, ele destruirá você.
A derrota de Jesus ilumina nossos momentos difíceis
Contemplar a Cruz, sinal do cristão é para nós contemplar um sinal de derrota mas também um sinal de vitória. Na Cruz fracassa tudo aquilo que Jesus havia realizado na vida. Não tenhamos medo de contemplar a Cruz como um momento de derrota, de fracasso. Paulo, quando reflete sobre o mistério de Jesus Cristo, nos diz coisas fortes, nos diz que Jesus se esvaziou, aniquilo a si mesmo: 'Assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um 'trapo', um condenado.' Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e também isso pode iluminar um pouco nossos maus momentos, nossos momentos de derrota, mas também a Cruz é um sinal de vitória para nós cristãos".
Na Sexta-feira Santa, a 'grande armadilha' para satanás, no Livro dos Números, na primeira leitura, narra o momento do Êxodo, no qual o povo judeu que murmurava 'foi mordido pelas serpentes'. E isto evoca a antiga serpente, satanás, o Grande Acusador, recorda Francisco. Mas a serpente que provocava a morte – diz o Senhor a Moisés – será elevado e dará a salvação.
E esta é uma profecia. Jesus feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente. Satanás estava feliz na Sexta-feira Santa, tão feliz que não percebeu, a grande armadilha 'da história em que cairia'.
Engole Jesus, mas também a sua divindade, e perde!
Como dizem os Padres da Igreja, satanás viu Jesus tão desfigurado, esfarrapado e como o peixe faminto que vai à isca presa ao anzol, foi lá e o engoliu. Mas naquele momento engoliu também a divindade porque era a isca presa ao anzol, com o peixe. Naquele momento, satanás foi destruído para sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de vitória.
A antiga serpente está acorrentada, mas não se deve aproximar dela. A nossa vitória é a Cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a grande antiga serpente, o Grande Acusador. Na cruz, nós fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até o mais baixo, mas com a força da divindade. Jesus disse: 'Quando eu for elevado, atrairei todos a mim'. Jesus elevado e satanás destruído. A Cruz de Jesus deve ser para nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em frente. E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igrejas, é um cão acorrentado: não se aproxime e não morderá você; mas se você for acariciá-lo porque o encanto o leva até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-se, ele destruirá você.
A nossa vida segue em frente com Cristo vencedor e ressuscitado, que nos envia o Espírito Santo, mas também com aquele cão acorrentado, a quem não devo me aproximar, porque ele me morderá. A Cruz nos ensina isso, que na vida há o fracasso e a vitória. Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós. Tolerá-los n’Ele, pedir perdão n’Ele, mas nunca se deixar seduzir por esse cão acorrentado. Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos 5, 10, 15 minutos diante do Crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele do rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque Deus venceu ali.”