Gilberte Degeimbre foi uma das cinco crianças que viram Nossa Senhora nas aparições de Beauraing, Bélgica, em 1932, já reconhecidas pela Igreja. Gilberte tinha apenas 9 anos na ocasião. Ela faleceu em 10 de fevereiro de 2015 aos 91 anos e nesta entrevista conta detalhes das aparições e seus sentimentos. Foi a última das videntes a falecer. Mesmo passadas décadas, lembrava-se com emoção das aparições e da beleza de Nossa Senhora.
“Íamos buscar Gilberte Voisin na escola e ela saía às 18:30 horas. Geralmente era seu pai que ia buscá-la, mas como trabalhava na estação e eram seus irmãos que iam buscá-la. Nós havíamos nos conhecido cinco meses antes e nos encontrávamos. A outra Gilberte me havia dito para buscá-la com Albert e Fernande. Mas às 18:30 horas minha mãe não deixaria. Ela me disse: “Peça a sua mãe.” Coisa extraordinária: minha mãe disse sim, mas que me acompanhasse a minha irmã Andrée. Tudo do mesmo jeito, e as maiores Fernande e Andrée, batiam nas portas por brincadeira. Nós batíamos e corríamos. Essas coisas não me interessavam muito. Eu me escondia e olhava o que acontecia. Na tarde de 29 de novembro de 1932, tínhamos tocado duas portas. Tínhamos deixado uma porta para Gilberte, para que tivesse o gosto de bater quando saísse. Chegamos na porta do convento. Albert se precipitou sobre a campainha que é a mesma de hoje. Toca e ao se voltar para trás e falar conosco, grita para falar a mim, minha irmã Andrée e Fernande: ‘Olhem a Virgem que caminha sobre a ponte!’ Eu não posso expressar, mas nos gritou: ‘Olhem agora, olhem!’ Nós viramos para trás e vimos uma pessoa muito, muito brilhante, mas que não caminhava na ponte, mas cerca de 50 a 60cm acima do chão da ponte. Tinha uma nuvem que cobria seus pés. Quando caminhava, víamos bem o movimento de suas pernas. Ficamos em pânico, não posso descrever o quanto. Estávamos sozinhos, estava escuro, havia árvores grandes. Não tinha muita luz na rua. Ficamos com tanto medo e nos precipitamos para entrar na porta. Albert voltou a tocar. Tinha uma campainha que tinha que puxar. A irmã chega. Ela nos via amáveis. E hoje nos precipitamos no corredor. Ela pergunta: ‘O que houve?’ Dizemos que vimos a Virgem sobre a ponte. Ela diz: ‘Não vejo nada. Não é possível.' Em seguida, arruma uma pequena lanterna que não parecia nada diante da pessoa que caminhava no ar. Eu não entendia porque pegou essa lanterna que brilhava tão mal. Neste momento, desce Gilberte que vem da sala de estúdio e chega na nossa frente. E antes de dizermos ‘boa tarde’ ela diz: ‘Oh’ E ela vê também. A irmã porteira diz para voltarmos para casa e diz: ‘Que isso termine aqui. É uma árvore que se move.’ Nós descemos no corredor central e ao nos aproximarmos da ponte, a Senhora brilhante que caminha no ar, dei a mão para minha irmã Andrée e a Gilberte e corri de olhos fechados, para não ver porque tinha medo.” E me diziam: ‘É tão linda.’ Mas não atrevi a olhar porque tinha medo. Chegamos em frente a um negócio e eu caí. Instintivamente olhei acima da ponte e a Virgem ainda estava lá. Ela estava parada, tinha a mãos juntas e parecia nos olhar. Novamente tivemos medo. Chegamos em casa e expliquei que vimos uma Senhora caminhando no ar. Mamãe nos escutou sem enojar-se e disse: ‘Agora não quero mais ouvir falar sobre isso. Não falem mais.’ E quando mamãe dizia isso, era uma pessoa autoritária, não se falava mais. Não falamos mais sobre isso, mas pensávamos o tempo todo. No outro dia, fui à escola. Olhei a ponte durante o dia, não tinha nada. Saí depois e não tinha nada. Entro em casa e não falo disso com minha irmã, nem com minha mãe. Às 18:30 horas voltamos com Fernande e Albert. Tocam nossa campainha para irmos juntos buscar Gilberte. Íamos de mãos juntas, mas sem nos falarmos. Cada um pensava. Chegamos ao pensionato e Albert toca a campainha. No momento em que toca, ela estava ali e caminha no ar... Ela vai com as mãos juntas sobre a ponte. Depois a vejo voltar em outro sentido, em cima da nuvem, com as mãos juntas e pairando no ar. Novamente, tivemos muito medo, mas não como no dia anterior porque estávamos prevenidos. Novamente, a irmã porteira não vê nada, coisa que não compreendo, mas era assim. Eu jamais tinha ouvido falar de aparições. Meus pais eram crentes que praticavam. Dizíamos a oração da tarde. Para mim, o Menino Jesus era tudo, diziam que devíamos rezar a Virgem. Tudo isso era novo, extraordinário. Chegamos em casa e dizemos à mamãe: ‘Ela estava lá, sobre a ponte, caminhava no ar.’ Minha mãe disse: ‘Deve ser alguém que se esconde atrás dos arbustos das irmãs para lhes fazer medo.’ Na terceira tarde, mamãe vem conosco. Haviam algumas pessoas que nos acompanharam. Chegamos. Olhei a ponte, não havia nada. No momento em que Albert toca a campainha e Gilberte desce da sala de estúdio, Nossa Senhora aparece por um instante alguns metros de nós, a um metro do solo, perto da áarvore de azevinho que está lá ainda hoje. Ela tinha as mãos juntas. Nós olhávamos e olhávamos. Isso era tudo. Ela abre as mãos e olha os cinco sorridente. E desapareceu. A partir desse momento, não tivemos mais medo. Passaríamos até pelo fogo para vê-la novamente. Vocês não imaginam o que é quando ela nos olhou sorrindo a nós cinco. Nós gritamos: ‘Mamãe, aqui está!’ Mas já havia partido, durou pouco tempo. Minha mãe pegou um grande bastão e começou a mover os arbustos. E disse: ‘Se eu não vejo nada, é porque não tem nada e não se fala mais nisso.’ Chegamos em casa e voltamos nos dias seguintes. Já tinha muita gente. Madre Theophile, superiora do convento, estava sabendo de tudo, e me diz: ‘O que estão contando agora? Dizem que viram uma estátua caminhando. Nunca ouvi coisa tão absurda. Havia uma estátua de Nossa Senhora de Lourdes na gruta. Pode ser esta estátua que caminha.’ Mas eu digo: ‘Mas ela é tão mais bela, tão mais bela.’ E disse-me: ‘Você é uma pequena mentirosa. Não quero mais vê-la no pátio. Vou fechar a grade do jardim com cadeado e soltar os cachorros. E se insistirem, chamarei a polícia.’ Prometemos não voltar porque diante da Madre Theophile tinha-se que se submeter. Mas chegando a outra tarde, não tínhamos o que fazer. Minha mãe não queria, mas fugimos. Uma força incrível nos atraía. Madre Theophile tinha trancado as grades com cadeado, soltado os cachorros, não a veríamos mais. Tínhamos necessidade de vê-la. Não sei como explicar isso. Ficamos na rua, olhamos para a ponte, para o arbusto de azevinho para ver se ela vinha. Então, ela apareceu sobre o espinheiro, a alguns metros de nós. Tão perto de nós, a 50cm do chão e caímos de joelhos, como se uma força nos batesse nas costas e nos empurrasse ao chão. Não podíamos ficar de pé. Ela estava tão bela, tão bela que nunca terei palavras para descrevê-la. Ela nos disse para sermos sempre bons. Nós respondemos: ‘Sim, nós seremos sempre bons.’ Fizemos o que pudemos. Ficamos seguros de que se não a viram, seguramente iriam ouvi-la. Minha mãe respondeu: ‘Agora, seguros de vê-la, também a escutam falar.’ Ela estava muito furiosa. Vocês não podem saber o que foi a vida com minha mãe a partir deste momento. Pois havia muita gente vindo a partir deste momento. Eu compreendia. Minha mãe não queria mais nos ver, nem à mesa com ela. Ela dizia: ‘Como podem estar tranqüilas com uma grande mentira em sua consciência? Não quero vê-las na mesa, não quero mentirosas na mesa.’ Minha irmã pegou seu pão e foi comer no estábulo com as vacas. Eu pegava meu pão e ia comer no quarto. Minha irmã Joana, que era a mais piedosa, nunca viu nada. Ela viu minha irmã Andrée que abraçava uma vaca dizendo: ‘Minhas pobres vacas, somente vocês não me fazem chorar.’ E era verdade. E os dias se seguiram. A mais dolorosa recordação que tivemos é esta. Ela ultrapassa tudo o que podemos descrever. Mas o que me impressionou e continua me impressionando até hoje é dos cães de Madre Teophile, que latiam e pulavam na grade. Sempre que a Santa Virgem chegava, os cachorros se agachavam e se calavam. É o primeiro dos milagres. Pois para calar um cachorro furioso, não é fácil a nenhuma pessoa estranha. Em cada tarde, quando a Virgem estava ali, eles se calavam e agachavam. E quando a Virgem desaparecia, voltavam a latir. Muitas pessoas nos interrogavam. Minha mãe dizia que íamos contar nossas mentiras a essa pobre gente que acreditava. Dizia: ‘Como podem ter isso em sua consciência?’ Isso continuou até a última tarde. Fizemos outras perguntas a Nossa Senhora, que nos respondia. E uma menina perguntando a Mãe de Deus e a Mãe de Deus respondendo, isso me maravilha até hoje, verdadeiramente. Ela nos respondia em poucas palavras e quando nos falava também era assim. Na última aparição, ela confiou um segredo aos três menores. Quando ela falava a um de nós, nós víamos mover os lábios, mas não ouvíamos. Na última tarde, nos disse adeus. Ela havia dito dias antes que em breve seria a última aparição. Mas quando nos disse adeus, eu mesma não acreditava. Pois eu dizia: ‘Os missionários, quando partem de um país em missão, dizem adeus a todos e depois voltam.’ Ela voltará. Durante anos, eu a esperava todas as tardes. Agora a espero de outra maneira. Nas últimas aparições, ela mostrou seu Coração. Eu o vi no último dia. E perguntavam: porque não viu seu Coração como os outros? Vou descrevê-la. Ela tinha uma roupa branca toda reta que caía com uma prega redonda. A roupa se perdia na nuvem. A nuvem cobria seus pés. Nunca vimos seus pés. Tinha um reflexo azul que começava do ombro esquerdo e descia toda a roupa até debaixo da roupa. Tinha as mãos juntas e um Terço no braço direito que se perdia numa prega da roupa. Quando desaparecia, abria as mãos, que tinha sempre juntas. Ela abria suas mãos lentamente e o Terço desaparecia. E nas últimas tardes, vimos um Coração de ouro sobre seu peito, cercado de raios. Os raios eram mais largos do lado do Coração. E tinham uma ponta. Tinha um véu sobre sua cabeça que cobria todo o seu ombro. Ao redor da cabeça tinha raios de ouro, todos do mesmo tamanho, pareciam ser de ouro e de luz. Era muito luminoso. Não podemos contar quantos raios tinha. Ela tinha uma voz muito doce. Falava sem fazer esforço, muito suave. Era uma voz que nos penetrava. Seu olhar era suave, olhos azuis. Ela era realmente bela... Tão bela, tão bela e tão bondosa... (Nesse momento, Gilberte chora emocionada) No dia 8 de dezembro, ela estava mais brilhante. Por três vezes, ela apareceu mais brilhante que habitualmente: foi no dia 8 de dezembro, véspera de Natal. Imagine vocês como ela estava bonita na véspera de Natal. Estávamos convencidos que no dia de Natal viria com o Menino Jesus nos braços. Era certeza. Mas ela não veio nesse dia, não apareceu. Ela vinha todas as tardes, mas ficou alguns dias sem aparecer. E na última aparição, 3 de janeiro, estava mais brilhante. Um médico alfinetou Gilverte Voisin na sua coxa, à minha irmã na bochecha. E a mim acendeu um fósforo. Eu tinha minhas mãos juntas. O fósforo queimou minhas mãos, mas não senti nada. Depois de cada aparição, os médicos nos interrogavam. E um dia me puseram numa mesa e pediram para mostrar minhas mãos. Eu tinha 9 anos e minhas mãos estavam queimadas. Eu fiquei com medo de estarem pretas, mas não tinha nada, nenhuma marca. E a Gilberte Voisin foi pior, pois disseram: ‘Tire suas calças.’ Os médicos olhavam seus joelhos e diziam que ela não tinha nada. Nós caiamos de joelhos e escutavam o barulho da pancada. Não podíamos ficar em pé, era como uma força nos derrubasse. Não podíamos resistir e não sentíamos nada. Ela abria os braços quando ia desaparecer. E um dia, após abrir os braços, começamos rapidamente outra Ave Maria. Ela os juntou e sorriu. E assim fazíamos para a reter, sempre que queria ir. Quando ela estava ali, estávamos felizes, muito felizes! Vocês não podem imaginar. Eu me sentia na luz, nessa bonita luz. Eu estava bem. E quando ela desaparecia, eu me encontrava na escuridão, com todos os doutores ao nosso redor e as pessoas nos tocando. Era escuro, escuro, muito duro, não havia transição. Não tínhamos sentimentos de preparação para vê-la. Fazíamos travessuras. Quando ela apareceu, não estávamos preparados. Eu jamais havia escutado sobre aparições. Eu rezava ao Menino Jesus, como mamãe nos fazia rezar. Por que Maria apareceu a mim? Eu me pergunto até agora, depois de mais de 70 anos, por que se mostrou a nós, a nós que não éramos nada? Minha irmã maior nos levava às vésperas no Domingo, e dizíamos: ‘Essa com as vésperas.’ Era a nossa religião. Por outro lado, nossa irmã maior, que era mais piedosa, nunca viu nada. Ela mesmo nos dizia: ‘Como podem vocês terem visto a Santa Virgem? Se fosse eu, acreditariam, mas a vocês.’ Dizíamos a oração da tarde todas as tardes. Fazia parte de nossa oração. Íamos à Missa todos os Domingos, comungávamos, isso era certo, mas nada mais. Ser muito bons, para mim significa, o que eu dizia desde menina: fazer tudo pelo Senhor, por amor ao Senhor, que nossas ações sejam uma só oração. Rezar sempre significa isso, nas coisas que gostamos, nas coisas que nos cansam, nas coisas que devemos suportar. Que tudo seja uma só oração. Essa é a minha impressão. É o que tento fazer. Nem sempre é fácil. A experiência mais dura para mim foi que mamãe não acreditava em nós. Essa foi a coisa mais terrível. Tínhamos perdido nosso pai havia um ano, um pai extraordinário. Suas três filhas eram o mundo para ele. Minha irmã mais velha era a primeira da classe. Minha irmã Andrée era sempre a última, mas ele a amava muito. Me recordo que um dia Andrée lhe mostrou sua tarefa que não estava muito boa. Mamãe havia deixado sobre a lareira para que papai a visse. Quando papai a viu, sorriu e disse a Andrée acariciando seu cabelo: ‘Não é nada. Será melhor na próxima vez.’ Era extremamente bom e tinha uma adoração por suas três filhas. Isso fez Andrée dizer durante as aparições: ‘Se papai estivesse aqui, não seriamos tratadas desta maneira.’ Pois nossa mãe, como disse, não queria nos ver, não podia nos ver. Minha mãe sofreu também. Imaginem, agora há muitas aparições, verdadeiras ou falsas, isso não nos incumbe, um fala, fala. Mas em 1932, ninguém falava de aparições em nenhum lugar. Nós havíamos vivido numa granja solitária. Dizíamos a oração da tarde, íamos a Missa todos os Domingos. Estava a 15 minutos de nossa casa, e também da escola. Nosso pai morre e depois viemos para Beauraing porque não podíamos manter essa granja enorme que tínhamos. Era aproximadamente 100 hectares, nessa época, isso era enorme. Minha mãe tinha três filhas pequenas para criar, isso era impossível. Quando viemos viver aqui, guardamos uma dezena de vacas, dois ou três cavalos. Chegamos em 1 de maio de 1932 a Beauraing. E as aparições começaram em 29 de novembro. Nessa época, qual pessoa acreditaria que a Virgem aparecesse a seus próprios filhos? Como dizia mamãe, havia Lourdes. Para nossa gente, era no fim do mundo. Mas isso se passa a seus filhos e vocês não crêem. Isso só pode ser uma coisa mentirosa. Não aprendemos a dizer coisas como essas. Agora, compreendo. No momento das aparições, eu sentia uma felicidade que não posso descrever. Mas também sofremos muito depois. Pois haviam pessoas que não acreditavam e eu as compreendo. E diziam: ‘Você é uma vidente, então, nos diga o futuro.’ Isso é uma coisa que até o dia de hoje me faz mal. Eu lhes compreendo que não acreditassem, pois como crianças, era tudo muito terrível. Não tínhamos o apoio do nosso pai, nem o apoio da nossa mãe. Recordo que uma noite queria abraçar minha mãe antes de deitar. Ela me disse: ‘Jamais abraço uma menina mentirosa. Vá dormir.’ É como se dizer a um cachorro: vá para seu canil! É muito duro. Estava muito sensível e chorava e chorava. Eu chorava em meu travesseiro para que minha mãe não visse, caso contrário, não gostaria de me ver. Mas nas aparições, quando Nossa Senhora olha seus filhos, vocês não podem imaginar! Seu Coração de ouro, ela nos mostrou seu Coração de ouro. Isso significa que ela nos ama. Esse seu Coração de ouro e luz que irradia, isso quer dizer que ela nos ama. Nos momentos das aparições, quando ela abria os braços e partia, eu me dizia: isso é um gesto de despedida. Mas agora, eu digo: eu lhes espero. Ela não dizia isso, mas pode ser. Principalmente quando partia deste mundo, que não me deixasse sozinha. Fomos para a vida matrimonial sem querer, sem eleger. Estávamos tão marcados pela irmã superiora do convento que era como se devíamos viver ali. Eu não tinha pensado em me casar. Depois a situação de meu marido, que chegou por acaso em minha casa. Seu pai foi fuzilado por alemães. Sua mãe foi morta num campo de concentração. Quando voltou, não encontrou nenhum móvel em casa, não havia nada. Foram de casa em casa. Era a época em que os americanos desembarcaram. E diziam: 'Temos americanos esta tarde, não temos alojamento para você.' E assim chegaram a nossa casa. Mamãe disse: ‘Temos um quarto e podem ficar o tempo que quiserem.’ E assim nos conhecemos. Tivemos dois filhos. Vivemos na Itália durante quase 50 anos. Mas depois do primeiro dia na Itália, eu desejava voltar a Beauraing, ao espinheiro, a este lugar. Porque meu coração permanecia aqui. Gosto muito de rezar ali no espinheiro, mas agora é mais difícil para caminhar. Digo sempre ao Senhor que não me prive do Céu, pois gostaria de estar lá. Os festejos das aparições são sempre momentos bons, mas de vazio para mim. Depois que ela se foi, os cinco sentimos a mesma coisa. Ela sempre faz falta. Vou fazer uma pequena comparação. Quando vocês amam alguém e essa pessoa se vai, pensam que ela voltará, pode ser em tal dia... Um deseja ver a pessoa que ama. Mas aqui é mais que isso, é um vazio para nós. Nossa Senhora nos pediu para virem aqui em peregrinação. Ela nos pediu para rezar muito, rezar sempre. Eu gostaria muito que isso se concretizasse aqui. Eu creio que isso é realizável. Pois aqui não é como outros lugares de aparições onde há coisas para visitar. Aqui há somente a ponte sobre a ferrovia. Não há possibilidade de fazermos boas excursões. Quando se vem é só por Ela. Isso é o que eu gostaria que todos compreendessem. Ela veio a Bélgica. Minha irmã sempre dizia: ‘Talvez as pessoas terão consciência de que a Virgem veio aqui quando nós cinco morrermos.’ Pois agora dizem: ‘Essa tem esse defeito e esta outra coisa.' Todos estão vendo que não somos nada. É o que eu sempre digo. Fomos escolhidos sem merecermos. Não podemos dizer que éramos más, mas não éramos nada. Fomos escolhidas gratuitamente. Fizemos todo o possível para transmitir a mensagem e depois de nossa morte, que as pessoas nos esqueçam. Mas recordem que Ela veio aqui. A mensagem que eu transmitiria às futuras gerações é a oração, a oração, a oração. A penitência, pois Ela nos disse: ‘Sacrifiquem-se por mim.’ Amar seu Filho. Para isso, elas devem participar desse trabalho. Devem estar preparados para a conversão, mas preparados para o trabalho, pois Ela disse: ‘Vou converter os pecadores.’ Então, Ela deve converter a nós."