Infância: São Ricardo Pampuri chamava-se Erminio Fillipo. Ricardo foi o nome que ele adotou quando se tornou religioso. Ele nasceu em Trivolzio, Itália, no dia 2 de agosto de 1897. Seus pais tiveram 11 filhos. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas 3 anos e seu pai, alguns anos depois. Por isso, os filhos foram morar com os avós e os tios que os educaram na fé. Esses tios foram muito importantes para o crescimento dos Pampuri porque, sendo dois cristãos convictos e maduros, dão a eles uma educação cristã madura. Eles ensinam os sobrinhos a tratar bem as pessoas e tratá-las e olhá-los como Cristo as olharia. Este julgamento ficou no jovem Ricardo desde cedo. Quando muito pequeno ainda, a emprega o corrigiu durante as orações dizendo que ele as fazia errado e devia rezar melhor. Ele ouviu seu conselho e passou a rezar com muita atenção e concentração. Ele gostava de doces e frutas, mas sempre que podia, deixava-as para os outros. Quando ele fez a Primeira Comunhão, pediu ao pároco para ensinar o catecismo que aprendeu aos mais novos, porque as coisas que ouviu de Cristo são belas e importantes demais para a vida. Ele tinha um jeito piedoso que cativava os empregados e os incentivava a entrarem também na igreja com ele.
Cartas para a irmã: Ricardo teve um grande relacionamento com sua irmã Maria, que se tornou religiosa com o nome de irmã Longina e missionária no Cairo. Ele escreveu muitas cartas para ela onde mostrava o grande coração que ele tinha. Nessas cartas, a sua santidade ficou ainda mais evidente. Era um jovem cheio de paz e alegria. Estava sempre rezando e pensando em Deus, mesmo caminhando ao ar livre. Ricardo amava praticar todas as obras de misericórdia e amor ao próximo. Ia à Missa todos os dias e passava horas diante dos Sacrários em profunda adoração. Rezava o Rosário completo todos os dias. Pedia perdão a Deus todas as noites.
Soldado heróico na Guerra: Chegada a Primeira Guerra Mundial, Ricardo foi convocado pelo Exército e enviado para a zona de guerra. Triste pelos horrores dos combates, escreveu para a irmã: "Quanto caos na carne humana desses pobres, quantas feridas e contusões, quantos membros esmagados! Esperamos pela misericórdia divina para que este flagelo termine o mais breve possível." Durante os combates, socorria e consolava os soldados doentes e feridos. Certo dia, para evitar que o material de saúde de sua companhia perecesse, colocou tudo numa carroça puxada por uma vaca. E sozinho, no meio do fogo cruzado, andou na lama por um dia inteiro, mesmo na chuva e finalmente chegou aos companheiros que o tinham dado por perdido. Mas pegou uma pleurisia com essa caminhada na chuva. Por causa disso, Ricardo ganhou uma medalha de bronze em 1917.
Estudante de medicina: Depois da guerra, mudou-se para estudar medicina em Milão e Pavia, incentivado pelo seu tio. Era inteligente e bom aluno. Era um aluno quieto e comportado, mas sempre de bom humor. Ricardo gostava também de ler livros de aventuras, mas os deixou para ter tempo para os livros de medicina. Sempre ajudava os colegas na sala de aula. Havia colegas que não tinham muita fé, mas todos os respeitavam e percebiam algo diferente e piedoso nesse bom jovem, sempre amigo de todos. Ele escreveu à irmã: "Este ano deve ser o último de meus estudos e o primeiro da minha vida profissional. Reze muito para que eu possa tirar a força de nossa fé, tão bonita e tão santa. Você pode escapar de uma vida estéril de vãos desejos para iniciar uma vida frutuosa e trabalhar muito. Render a Deus o devido louvor e agradecimento me faz cada vez mais feliz na paz serena de sua santa amizade.” Ele nunca buscou riqueza, nem poder, nem prestígio. E escreveu: “É preciso que o cotidiano se torne heróico e o heróico se torne cotidiano.” Em 1922, formou-se e em 1923 completou os estudos com licenças para cirurgia.
Estudante de medicina: Depois da guerra, mudou-se para estudar medicina em Milão e Pavia, incentivado pelo seu tio. Era inteligente e bom aluno. Era um aluno quieto e comportado, mas sempre de bom humor. Ricardo gostava também de ler livros de aventuras, mas os deixou para ter tempo para os livros de medicina. Sempre ajudava os colegas na sala de aula. Havia colegas que não tinham muita fé, mas todos os respeitavam e percebiam algo diferente e piedoso nesse bom jovem, sempre amigo de todos. Ele escreveu à irmã: "Este ano deve ser o último de meus estudos e o primeiro da minha vida profissional. Reze muito para que eu possa tirar a força de nossa fé, tão bonita e tão santa. Você pode escapar de uma vida estéril de vãos desejos para iniciar uma vida frutuosa e trabalhar muito. Render a Deus o devido louvor e agradecimento me faz cada vez mais feliz na paz serena de sua santa amizade.” Ele nunca buscou riqueza, nem poder, nem prestígio. E escreveu: “É preciso que o cotidiano se torne heróico e o heróico se torne cotidiano.” Em 1922, formou-se e em 1923 completou os estudos com licenças para cirurgia.
Médico caridoso: Após se formar, o Dr. Ricardo foi morar em Morimondo, pequena cidade de 1200 habitantes, de 1921 a 1927. Sua casa ali era apenas num quarto de hóspedes de um convento, morando com sua irmã Rita como empregada doméstica. Era sempre caridoso, generoso e paciente com os doentes. A maneira como ele tratava os doentes impressionou profundamente a todos. Ele tratava os doentes como se fossem realmente o Cristo, com imensa paciência e respeito. Ajudava-lhes tanto de dia como de noite, sem medir nenhum sacrifício. Se era chamado à noite, mesmo muito cansado, ele se levantava rapidamente da cama, feliz e cantarolando por ajudar mais um doente. Ele usava uma carroça para atender os doentes em casa e carregar seus materiais. Era facilmente visto andando em sua carroça nas mais variadas horas do dia e da noite. Sempre medicava com muito cuidado. Atendia os pacientes pobres de graça, punha do próprio dinheiro na receita para comprarem remédios e também lhes dava alimentos, leite, roupa e cobertores. Em alguns lugares da cidade, alguns doentes podiam pagar pelo atendimento apenas uma quantia muito pequena e miserável, mas ele se contentava e não reclamava. Todos os habitantes o chamavam de “santo doutor.” Quando perguntavam qual era o seu lucro, respondia: "Amanhã, amanhã." Ou então: "Depois, depois.” Doava parte do salário para as missões e sempre ficava com pouquíssimo dinheiro para si. Usava sapatos velhos e gastos por ter trocado seus sapatos novos com os pobres. E dizia bem-humorado: "Eu viajo numa carroça. Eles vão na sola dos pés e gastam mais do que eu.” Todos perceberam que ele era diferente dos outros médicos. Escreveu à irmã: “Tenho que me reunir um bom tempo da minha demasiada dissipação, para atender com mais atenção, amor e tranquilidade o cuidado dos meus doentes, pois sendo confiados de um modo especial e exclusivo para mim, por dever profissional, terei que prestar contas ao Senhor." Quando atendia um agonizante, o Dr. Ricardo ajoelhava junto à cabeceira do doente e convidava todos os presentes a rezar. Ia à Missa todos os dias de manhã antes de começar os muitos atendimentos aos doentes. Antes do almoço e do jantar, ia à igreja rezar diante do Sacrário. Rezava o Terço fervorosamente todos os dias e sempre carregava o Terço na bolsa com os instrumentos médicos. Sua fama logo se espalhou pela região. Alguns colegas médicos ficaram sabendo disso e lhe disseram que ele exagerava e não precisava ser assim com os doentes. Mas ele não deu ouvidos a isso e escreveu à irmã: “Reze para que o orgulho, o egoísmo ou qualquer outra má paixão não me impeçam de ver o sofrimento de Jesus nos meus doentes. Que eu os cure e conforte com este pensamento sempre vivo na mente. Como é doce e suave o fecundo exercício desta profissão!" E ensinou a um colega que o criticava dizendo que ele exagerava na caridade com os pobres: “O primeiro médico foi o Senhor que deu a visão para os cegos com a lama e depois deu a vida por nós. Então, nós não fazemos nem a mínima parte daquilo que o Senhor fez por nós.” Certa vez, quando o padre que carregava a Comunhão na rua para levar a um enfermo, o Dr. Ricardo desceu da bicicleta e se ajoelhou na lama diante do Santíssimo que estava ali. Em outra ocasião, andando de bicicleta, ele viu um homem pobre que estava descalço e era inverno. Ele parou e perguntou ao pobre homem porque ele estava nesse estado. O homem respondeu: "Porque eu não tenho ninguém que pensa em mim.” O Dr. Pampuri voltou para casa, pegou seus sapatos e o deu ao pobre.
Atividades paroquiais: Assim que o Dr. Pampuri chegou a Morimondo, começou a se aproximar dos jovens mais dispostos e convidou-os para formar um grupo da juventude da Ação Católica. Os jovens mais duros não resistiram pela força de seu exemplo e aderiram ao convite. Ele formou um grupo que quis chamar de Pio X, hoje São Pio X, papa canonizado como ele. Os membros eram mais de 30 jovens. Ele foi o primeiro presidente e permaneceu no cargo até cerca de 1926. O Dr. Ricardo formou também o coral Pio X, composto por 24 pessoas. Para a compra dos instrumentos ele foi pessoalmente pedir ofertas de casa em casa. Muitos ajudaram e não conseguiram recusar. O resto que faltava foi comprado com o dinheiro de seu próprio bolso. Ajudava na Catequese e Conferências Vicentinas. Quando a Missa era cantada, ele gostava de ensaiar o coral. Quando não podia cantar, fazia a tradução e explicação das partes cantadas, para que os jovens cantassem bem. Ele também foi secretário da missão da paróquia. Sempre que podia, dava algumas reflexões da Palavra de Deus após os ensaios de coral e no grupo da Ação Católica. Todos gostavam muito de suas reflexões e diziam poder ficar horas ouvindo-o que não se cansariam. Ele entrou também para a Terceira Ordem Franciscana. Escreveu aos jovens católicos: "Agora eu me tornei seu irmão espiritual porque, embora indigno, na esperança de tornar um pouco melhor, eu também me coloco sob a proteção do Seráfico Pai São Francisco e me inscrevo entre os terceiros." Ele aconselhou os jovens: "Na discussão e na sua conduta amem sempre a nobreza, a nobreza do trato, da palavra, da defesa, pois a fé é a mãe da civilização. Juntos não liguem para o que os contrários a nós pensam. A prudência é boa, mas a prudência do espírito que é sabedoria, não a prudência da carne que é covardia. Estejam revestidos de uma santidade sagrada, que sempre foi o emblema do juventude católica. Amem e respeitem todas as pessoas, mas não admitam conciliação com o erro."
Suas leituras: Um de seus irmãos disse: “Suas leituras favoritas foram a Civilização Católica, o L'Osservatore Romano, de onde recortou os artigos interessantes para a fé, a Vida dos Santos e depois todos os boletins de missões. Ele sabia de cor algumas passagens do Livro ‘A Imitação de Cristo’. Uma vez, eu perguntei onde ele depositava seu dinheiro. Ele me respondeu que estava no exterior. Eu insisti em saber onde e ele disse que seu banco era nas missões. Então eu perguntei: mas quando você ficar velho, o que você vai fazer? Ele me respondeu: ‘Buscai primeiro amar a Deus e querer o seu Reino. O resto virá Dele como acréscimo.’” E a um amigo, ensinou: “Os casamentos de paixão, de amor, estão acostumados a serem chamados com uma forma bastante eufemística, pois o verdadeiro amor é outra coisa, são aqueles que fazem a maior contribuição para o cada vez mais crescente número de discórdia conjugal e divisões, de infidelidade e divórcios."
Torna-se Irmão hospitaleiro: O Dr. Ricardo queria seguir a vida sacerdotal, mas foi impedido por causa da frágil saúde. Ele tinha vocação para ser religioso desde criança. Tentou entrar nos franciscanos e jesuítas, mas não foi aceito. Ele dizia aos parentes: “Eu devo seguir o chamado de Deus, devo fazer-me santo.” Em 1928, conseguiu entrar na Ordem Hospitaleira fundada por São João de Deus e adotou o nome de Ricardo, como gratidão ao seu conselheiro, Don Riccardo Beretta. Para isso, teve que deixar a cidade de Morimondo, para o pesar imenso dos moradores e mudar-se para Brescia. Ele escreveu: "Quero servir-Vos, meu Deus, no futuro, com perseverança e amor supremo: nos meus superiores, nos irmãos, nos doentes, vossos prediletos. Dai-me a graça de os servir como serviria a Vós." Ele começou seu noviciado aos 30 anos, enquanto os outros noviços tinham de 18 a 20 anos. Apesar de ser um médico formado e saber muitíssimo mais do que os noviços, Ricardo pediu para fazer as mesmas coisas simples que eles para em nada ser diferente. Ali foi designado para ser dentista, ofício que fazia com muita perfeição e agradava a todos os pacientes. O irmão Ricardo sempre escolhia as tarefas mais humildes e repugnantes. Ajudava os outros médicos na sala de operação e até realizava trabalhos braçais. Quando algum funcionário tinha nojo de alguma função, Ricardo corria para ajudar e fazer imediatamente. Era sempre o primeiro a pegar nas vassouras e rodos, a limpar as escarradeiras e os vômitos. Os doentes ficavam perplexos de verem um médico fazendo isso, função dada somente a outros setores. Um dia, enquanto o Dr.Riccardo varria o pátio, um outro médico disse à irmã: "Irmã Cherubina, mas isso é loucura! Ele tem um diploma de medicina e está com uma vassoura na mão! Ele é um louco!" Ela respondeu: “Ele vai ser um louco de amor por Deus." O Dr. Ricardo ouviu suas palavras e respondeu calmamente: "Tudo o que você faz para Deus é grande, tanto com uma vassoura quanto com um diploma em medicina.” E em outra ocasião, quando alguns colegas fugiam de um procedimento repugnante, ele disse: "São poucas as humilhações. São coisas que nos repelem se queremos ser religiosos. Se não fazemos isso, quando é que exercitaremos um pouco a humildade? Se a classe média não faz estas coisas, mais nós devemos fazer!” Ele estava sempre alegre e sorridente, tratando todos com bondade. Ele gostou muito da vida religiosa e comunitária com os outros irmãos: “Aqui estamos finalmente mais unidos fraternalmente no amor e serviço de Deus, no vínculo comum dos votos sagrados. Podemos provar verdadeiramente quão doce é viver juntos nesse Coração Divino, no qual somente nossas almas podem encontrar, com a maravilhosa Comunhão dos Santos, sua perfeita paz e plena felicidade.” Um ano antes de sua morte, Ricardo escreveu o projeto de sua vida religiosa à irmã: “Tenho um grande desejo, o desejo de santidade. Fazer um ótimo trabalho. Apontar mais alto que puder, mas não sempre, pois não somos chamados para ações gloriosas, mas para coisas pequenas e mínimas, com grande amor. Fazer sempre a vontade do Senhor no exato cumprimento dos deveres e perseverante luta. Este deve ser o meu plano.” Ele ajudou também na reforma de cama dos doentes. Por incrível que pareça, ele dizia ter defeitos: "Meus defeitos usuais de indelicadeza, desordem e preguiça infelizmente não permaneceram em Morimondo, mas eles também me seguiram sob um hábito novo, mas seria perigoso e inconveniente que eles continuassem por um longo tempo me fazendo um mau religioso. Com um esforço de boa vontade, sob a proteção de Jesus Crucificado, de Maria e de nosso fundador São João de Deus, que gradualmente consigam libertar-me para que eu possa ser compatível com a vida de um bom religioso."
Doenças: Apesar de ser ótimo médico, sua saúde começa a ficar sempre mais frágil com fortes febres e pleurisia. Ele continuava seu trabalho até que as últimas migalhas de força. Alguém perguntou: "Por que o Irmão Riccardo vai à clínica com febre?" Ele respondeu: "É o meu lugar. Lá está Deus esperando por mim." Sempre estava com um sorriso nos lábios e cantando hinos a Nossa Senhora, a São João de Deus e aos Anjos, com as mãos sob o Escapulário, sempre segurando Terço entre os dedos. Explicou: "Esta é minha arma favorita. Com o Terço, o demônio foge." Enquanto isso, pleurisia e febre o devoram. Em 1929, teve fortes hemorragias. A pleurite que ele tinha lhe causou também a tuberculose. Como era médico, o Irmão Ricardo viu que não tinha muitas chances de sobreviver e que a morte podia estar próxima. Mas ele não ficou triste. Aceitou tudo com tranqüilidade e alegria e disse: "Se o Senhor me deixar aqui, aceito de boa vontade. Se Ele me levar embora, vou de boa vontade até Ele." Ficou vários meses de repouso, mas não adiantou. Foi internado com febre alta.
Morte e veneração: Os médicos e colegas não se conformavam e fizeram de tudo para salvá-lo, mas a doença só piorou. Em 18 de abril de 1930, foi internado com forte pneumonia em Milão. O Irmão Ricardo disse ao seu diretor espiritual: “Padre, como me acolherá Deus?... Eu amei-O muito e muito O amo.” Ele faleceu agitando o Crucifixo nas mãos em 1º de maio de 1930, com apenas 32 anos. Ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1981 e canonizado em 1989. A vida de São Ricardo Pampuri foi um maravilhoso e belíssimo exemplo para todos os médicos e enfermeiros. São Ricardo Pampuri, rogai por nós!