As aparições e mensagens de Nossa Senhora em Lourdes aconteceram em 1858 à Santa Bernadette Soubirous, na ocasião com 14 anos. Sua família era muito pobre e passavam muita fome. Eles moravam numa masmorra cheia de umidade e mofo, pois não tinham casa nem dinheiro para pagar aluguel. Na época, Bernadette era analfabeta e ainda se preparava para fazer a Primeira Comunhão. Ela era uma menina muito simples e humildade, nem falava corretamente o francês, apenas um dialeto daquela região. Por falta de estudos, ela tinha dificuldade de memorizar o Catecismo. Não entendia direito nem o mistério da Santíssima Trindade. Mas tinha muita fé em Deus e sempre rezava a Ele com suas próprias palavras. As aparições aconteceram na gruta de Massabielle à beira do rio Gave. Elas foram reconhecidas pela Igreja em 1862.
1ª aparição: 11 de fevereiro de 1858. Bernadette conta: “A primeira vez que fui à gruta, era quinta-feira, 11 de fevereiro. Fui para recolher galhos secos com outras duas jovens. Quando estávamos no moinho, eu lhes perguntei se queriam ver onde a água do canal se encontrava com o Gave. Elas me responderam que sim. De lá, seguimos o canal e nos encontramos diante de uma gruta, não podendo mais prosseguir. Minhas duas companheiras se colocaram em condição de atravessar a água que estava diante da gruta. Elas a atravessaram e começaram a chorar. Perguntei-lhes por que choravam e disseram-me que a água estava gelada. Pedi que me ajudassem a jogar pedras na água, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas disseram-me que devia fazer como elas, se quisesse. Fui um pouco mais longe, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas não poderia. Então, regressei diante da gruta e comecei a tirar os sapatos. Tinha acabado de tirar a primeira meia, quando ouvi um barulho como se fosse uma ventania. Então, girei a cabeça para o lado do gramado, do lado oposto da gruta. Vi que as árvores não se moviam, então continuei a tirar meus sapatos. Ouvi mais uma vez o mesmo barulho. Assim que levantei a cabeça, olhando a gruta, vi uma Dama vestida de branco. Tinha um vestido branco, um véu branco, uma faixa azul na cintura e uma rosa dourada em cada pé, da cor da corda do seu terço. Eu pensei ser vítima de uma ilusão. Esfreguei os olhos, porém olhei de novo e vi sempre a mesma Dama. Coloquei a mão no bolso, para pegar o meu Terço. Queria fazer o Sinal da Cruz, mas em vão. Não pude levar a mão até a testa, a mão caía. Então, o medo tomou conta de mim, era mais forte que eu. Todavia, não fugi. A Dama tomou o Terço que segurava entre as mãos e fez o Sinal da Cruz. Minha mão tremia, porém tentei uma segunda vez, e consegui. Assim que fiz o Sinal da Cruz, desapareceu o grande medo que sentia e fiquei tranqüila. Coloquei-me de joelhos. Rezei o Terço, tendo sempre diante meus olhos aquela bela Dama. Ela fazia escorrer seu Terço entre as mãos, mas não movia os lábios. Quando acabei o meu Terço, Ela fez-me sinal com o dedo eu para me aproximar, mas não ousei. Fiquei sempre no mesmo lugar. Então, ela desapareceu de repente.”
2ª aparição: 14 de fevereiro de 1858. Conta Bernadette: “A segunda vez foi no domingo seguinte. Voltei com várias moças, para ver se não tinha me enganado. Eu me sentia muito constrangida interiormente. Minha mãe tinha-me proibido de voltar. Depois da Missa cantada, as outras duas jovens e eu fomos mais uma vez pedir licença à minha mãe. Ela não queria. Dizia ter medo de eu cair na água. Temia que eu não voltasse para assistir às vésperas. Prometi que sim, e deu-me então a permissão para ir. Fui à paróquia pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Ao chegarmos lá, cada uma tomou o seu Terço e nos ajoelhamos para rezá-lo. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Dama. Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse. Se não, que fosse embora. Eu me apressei sempre a jogar-lhe água. Ela começou a sorrir e inclinar-se. Quanto mais água eu jogava, mais ela sorria e girava a cabeça. E mais eu a via fazer aqueles gestos. Eu então, tomada pelo temor, me apressei em aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia. Quando terminei de rezar meu Terço, Ela desapareceu e não me disse nada. Nós nos retiramos para assistir às vésperas”.
3ª aparição: 18 de fevereiro de 1858: Bernadette contou: “Ela só me falou na terceira vez. Foi na quinta-feira seguinte. Fui ali com algumas pessoas importantes, que me aconselharam a pegar papel e tinta e lhe pedisse que, se tinha algo a me dizer, que tivesse a bondade de colocá-lo por escrito. Tendo chegado lá, comecei a recitar o Terço. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Transmiti esse pedido à Senhora. Ela se pôs a sorrir e disse: “Não é necessário. Quer ter a gentileza de vir aqui durante quinze dias?” Eu lhe respondi: “Sim, prometo.” Ela disse: “Eu não te prometo fazer feliz neste mundo, mas no outro.”
4ª aparição: 19 de fevereiro de 1858. Nossa Senhora não disse nada, apenas sorria. Bernadette tinha uma vela benta acessa na mão. Por causa disso, milhares de pessoas começaram a ascender velas durante as próximas aparições e procissões de Lourdes.
5ª aparição: 20 de fevereiro de 1858. Bernadette conta: “Ela teve a bondade de ensinar-me, palavra por palavra, uma oração somente para mim.” Bernadette rezou esta oração todos os dias de sua vida e nunca a revelou para ninguém.
6ª aparição: 21 de fevereiro de 1858. Bernadette conta: “Esta Rainha misericordiosa me disse também: “Rezem pela conversão dos pecadores.” Ela me repetiu várias vezes essas mesmas palavras”.
7ª aparição: 23 de fevereiro de 1858. Bernadette conta: “Ela me revelou três segredos e me proibiu de contar a quem quer que fosse”. Bernadette nunca revelou esses segredos a ninguém. E explicou: “Eles só se referem a mim, não são nem sobre a Igreja, nem sobre a França, nem sobre o Papa”. Até esse dia, Nossa Senhora aparecia feliz e sorridente.
8ª aparição: 24 de fevereiro de 1858. Nossa Senhora apareceu triste e Bernadette chorou. A menina subiu de joelhos o aclive que precede a cavidade da gruta, oscilando a cada passo no chão. E muito triste e com soluços, transmitiu a mensagem de Nossa Senhora: “Penitência, penitência, penitência! Rezem a Deus pela conversão dos pecadores. Beijem o chão como um ato de penitência pelos pecadores.”
9ª aparição: 25 de fevereiro de 1858. Bernadette conta: “A Senhora me disse: “Vá à fonte, beba da água e se lave nela.” Mas, como não a via, fui beber no Gave. Ela me disse que não era ali, e me fez um sinal com o dedo para ir à gruta, mostrando-me a fonte. Eu fui, mas só vi um pouco de água suja. Parecia lama, e em tão pequena quantidade, que com dificuldade pude colher um pouco no côncavo da mão. Eu me pus a arranhar a terra, até poder colhê-la, mas três vezes a joguei fora. Foi só na quarta vez que pude bebê-la, de tal maneira estava suja. Ela me disse: “Coma da erva que se encontra no mesmo local.” Foi só uma vez, ignoro por quê. A Senhora me levou a fazê-lo, com um movimento interior”. Bernadette bebeu da água suja e ficou com o rosto cheio de lama. A multidão ficou impressionada e muitos acharam que a vidente estava louca. A água começou a brotar cada vez mais límpida e abundante da fonte. E jorra até hoje esta água que curou tantas pessoas doentes.
10ª aparição: 27 de fevereiro de 1858. Sempre de manhã, pelas 6 e 7 horas, Nossa Senhora não disse nada. Por 15 minutos, Bernadette caminhou de joelhos e beijou o chão várias vezes e convidou as pessoas presentes a fazerem o mesmo.
11ª aparição: 28 de fevereiro de 1858. Bernadette rezou o Terço e beijou o chão novamente. Muitos dos presentes fizeram o mesmo.
12ª aparição: 1º de março de 1858. Nossa Senhora permanece em silêncio.
13ª aparição: 2 de março de 1858. A bela Dama disse: “Vá dizer aos sacerdotes para virem aqui em procissão e que construam uma capela.”
14ª aparição: 3 de março de 1858. Bernadette rezou por muito tempo e se levantou com os olhos repletos de lágrimas dizendo: “Ela não me apareceu”. À tarde, ela voltou à gruta e a Dama apareceu. O pároco da cidade pediu para Bernadette perguntar à Senhora qual era o seu nome: “Eu perguntei a Ela qual era o seu nome. Mas ela apenas sorria.”
15ª aparição: 4 março de 1858. A quinzena das aparições terminou nesse dia. Nossa Senhora também não disse nada. No fim, Bernadette disse: “Sim, Ela vai voltar. Mas agora já não é mais necessário que eu vá à gruta. Quando ela voltar, então será necessário que eu retorne à gruta. Ela me fará saber. Eu fico alegre quando Aquela está alegre. Fico triste quando ela está triste.”
16ª aparição: 25 de março de 1858: Bernadette acordou com um forte desejo de ir à gruta. Ela conta: “Depois dos quinze dias, eu lhe perguntei de novo seu nome, três vezes seguidas. Ela sorria sempre. Por fim ousei uma quarta vez. E foi então que ela, com os dois braços ao longo do corpo, levantou os olhos ao Céu e depois me disse, juntando as mãos na altura do peito: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Estas foram as últimas palavras que ouvi dela. Ela tinha os olhos azuis.”
17ª aparição: 7 de abril de 1858. A aparição durou 15 minutos. Nossa Senhora não disse nada. Durante a aparição, Bernadette segurava uma vela acesa e tocava na chama sem perceber, permanecendo insensível. Mas milagrosamente, não teve nenhuma queimadura.
18ª e última aparição: 16 de julho de 1858, dia de Nossa Senhora do Carmo. A Gruta tinha sido fechada com uma cerca de madeira, por ordem das autoridades. Bernadette teve a aparição com sua tia Lucile e algumas amigas do outro lado do rio Gave, diante da Gruta. Ela conta: “Eu não via nem a cerca nem o Gave. Parecia-me estar na gruta, na mesma distância das outras vezes. Eu via somente a Virgem. Eu nunca a vi tão bela!” Nessa última aparição, Nossa Senhora também não falou nenhuma palavra. Apenas olhava e sorria amorosamente para a vidente que a via pela ultima vez. Bernadette dizia: “Minha Senhora é bela. Tão bela que não tem semelhante. Tão bela que vista uma vez, se deseja morrer para ver de novo. Tão bela que quando vista, não se pode amar nenhuma coisa terrena.”